domingo, 31 de janeiro de 2010

333 - Pedro Sena-Lino








Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 184
Editor: Porto Editora

Sinopse:

Esta é a história de um livro e de todos os seus 333 exemplares impressos. É a história secreta do impacto de um livro na vida de cada um dos seus leitores, e de como um rectângulo de papel pode transformar uma vida.

A minha Opinião:

Antes de começar quero desde já pedir desculpa pela demora na publicação da opinião desta leitura ainda do ano passado. Justifico-me com a falta de tempo e pelo facto de que me foi muito difícil escrever uma crítica que estivesse à altura deste belíssimo livro! Mas, conformando-me com o facto de que nunca conseguiria tal feito... aqui vai a minha humilde opinião.

Começo por dizer que este livro foi uma surpresa para mim. À partida quando o adquiri já calculava que fosse gostar, mas não calculava que este seria um livro especial, diferente de todos os que já havia lido. A melhor maneira que me ocorre de descrever este livro é como um livro de poéticas aventuras!!

Esta é a história das cartas de amor escritas por Soror Flâmula que se tornaram num livro muito especial. Sim é verdade, cartas de amor escritas por uma freira... e se quiserem conhecer o seu conteúdo ou destinatário terão mesmo que ler o livro... ;p

Como eu ia dizendo este tornou-se num livro muito especial, pois trazia dentro dele uma força e um poder que fazia com que todos os que o lessem, ou melhor, todos a quem o livro estivesse destinado, não conseguissem mais separar-se dele, todos se identificavam com as palavras nele inscritas.

Aos poucos vamos conhecendo o destino de todos os exemplares bem como de todas as pessoas por quem o livro passou, destinos esses quase sempre trágicos... muitas vezes por influência de um personagem que permanece em toda a história, o Frei Josué da Sarça Ardente, que representará uma espécie de inquisição, obstinado em destruir e proibir todos os exemplares do livro. No final aguardam-nos várias surpresas, como o verdadeiro sentido do livro e o real destinatário daquelas cartas.

Por fim, termino dizendo que adorei este livro, uma história de amor muito especial, pelo(s) Livro(s) e não só... ;) Leiam, aconselho.

E na incapacidade de melhor expressar a minha opinião deixo-vos aqui apenas alguns dos meus excertos preferidos para ficarem com uma pequena ideia da beleza da escrita deste livro:

"São os livros que te escolhem - não és tu que escolhes os livros. O livro é um mundo à procura do seu leitor, como uma alma que encontra o seu corpo."

"Escrevo donde nada me pode encontrar. Estamos mortos quando o passado já não nos regressa, já não nos pode tocar."

"Bruno Beaumont sentiu toda a sua vida cair para dentro do livro, e todo o livro cair para dentro de si, como o abraço da vida calma e real que esperava desde sempre sentir na sua vida. Apertou-o tanto, ao livro, que o faria com a alma se pudesse."

"Estou. Vivo dentro dele. Sinto, sabe, sinto de uma forma estranha que o livro me compreendeu, e, por isso, identifico-me com tudo o que ali se passa. Mesmo com a dor que o segredo traz..."

"Quando um livro se abre, solicita-nos, pede-nos. Convoca-nos: não estamos apenas no voltar das páginas, ou ao segurá-lo. Implica esse gesto que o agarremos no nosso interior, que lhe demos um mundo onde exista, onde alicerce o seu. Abre-se porque precisa do que o leitor é e lhe dá. O livro é vivo pela vida do leitor."

"Estive viva enquanto o meu livro vivia, e agora que o último exemplar arde enquanto falo, posso partir. (...) Um livro não nos pertence: mas quem lhe deu vida une-se ao destino da história, as suas veias abrem-se para os mares da cabeça do leitor, e vive até o último leitor morrer. (...) Agora que o último livro morreu, posso partir. Estive presa nesta história durante séculos, ligada ao destino do que escrevi."

4 comentários:

  1. as críticas a este livro são sempre positivas quero mt ler :)

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  2. Foi dos livros que mais me marcou em 2009!
    Uma escrita belíssima e poética :)

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  3. "São os livros que te escolhem - não és tu que escolhes os livros. O livro é um mundo à procura do seu leitor, como uma alma que encontra o seu corpo."

    Isso me lembra a uma cena do filme Harry Potter.

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  4. JRodrigues,
    agora que penso nisso, realmente também eu estou a lembrar-me e a associar não só este excerto mas outros às cenas do Harry Potter com o diário! Interessante. :)

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Obrigada pelo comentário! :)